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Contos de Fada |
Hoje meu relato é sobre a importância
de contar, oralmente, História Infantis para as crianças e o quanto os Contos
podem influenciar na formação infantil.
A história, além de entreter, causa admiração, desejos, além de mexer com o imaginário infantil. Quem nunca sonhou em ser a Cinderela a espera de um Principe Encantado? Ter os poderes do Peter Pan, sendo sempre criança e vivendo na Terra do Nunca? Não falar mentiras para que o nariz não crescesse igual ao do Pinóquio?
Após a separação dos meus pais, eu e minha irmã fomos criadas pela nossa avó materna.
Eu tinha 4 anos e minha irmã 3 anos e todas as noites chorávamos por causa da
ausência de nossos pais. Como estratégia para que não sentíssemos saudades,
todas as noites vovó se deitava entre eu e minha irmã, abria um enorme livro,
fino porém com grandes ilustrações e contava uma história até adormercermos. A história, além de entreter, causa admiração, desejos, além de mexer com o imaginário infantil. Quem nunca sonhou em ser a Cinderela a espera de um Principe Encantado? Ter os poderes do Peter Pan, sendo sempre criança e vivendo na Terra do Nunca? Não falar mentiras para que o nariz não crescesse igual ao do Pinóquio?
Após a separação dos meus pais, eu e minha irmã fomos criadas pela nossa avó materna.
Naquela época, na casa da vovó, havia uma coleção com dez livros: Chapeuzinho
Vermelho, Os Três Porquinhos, a Bela Adormecida, O gato de Botas, Branca de
Neve e os Sete Anões, Rapunzel, João e Maria, o Patinho Feio e o Soldadinho de
Chumbo. Toda noite uma história diferente. Escutávamos as histórias com os
ouvidos bem aguçados e os olhos bem abertos para as maravilhosas ilustrações da
história contada.
Quando contou todas as histórias da coleção, passamos a escolher nossas histórias prediletas para que ela recontasse. Além da Cinderela, a minha preferida era a dos Três Porquinhos, porque eles eram irmãos, achava graça dos dois porquinhos preguiçosos fazendo suas casas de qualquer maneira e da fala do Lobo Mau antes de derrubar as casas. Gostava mesmo, quando a vovó dava muita ênfase na voz do Lobo.
Um dia, talvez cansada pela rotina do dia, ou talvez cansada de contar as mesmas histórias várias noites, percebi que minha avó contava de um jeito diferente. Eu interferia na história e falava: " Vó, a senhora pulou a parte em que o Lobo Mau dizia assim..."
Neste dia, ela me olhou com muito carinho, diferente do que nos outros dias, pois eu tinha a vovó boa de todos os Contos de Fadas e disse para mim com lágrimas nos olhos: " Minha netinha ( igualzinha a vovó da Chapeuzinho Vermelho), as histórias que a vovó está contando para vocês, alguém um dia leu para mim. Vovó não sabe ler e nem escrever, mas lembro das histórias por causa dos desenhos..."
Naquele momento, eu não sabia se as lágrimas eram pelo fato dela ser analfabeta, ou pelo esforço em que ela estava fazendo para que superássemos a sensação de abandono. Lembro que disse para que ela não chorasse, pois quando eu crescesse eu seria professora e iria ensiná-la a ler e a escrever.
Mesmo sendo analfabeta, minha avó tornava nossas noites prazerosas, dava através de cada conto, oportunidade de nos identificarmos com os personagens das Histórias, tirar lições de vida e de construção de um ser através de histórias sobre bondade, respeito, obediência, mentiras e zelo.
Há vinte e três anos sou educadora e cumpri minha promessa. Mas assim, como nossos antepassados que contavam histórias para os mais novos, como forma de aprendizagem, tornei essa experiência de vida como prática educacional: sempre depois de terminada todas as tarefas do dia, uma história era escolhida pela turma para ser narrada por mim.
Apesar da contação de história oral, hoje, ter sido substituída pelas tecnologias dos VHS e DVD, a contação oral aproxima as pessoas, é uma forma criativa de estar junto a criança e estimulá-la a expressar sua percepção de mundo, do que é certo ou errado, do que é feio ou bonito ( na visão dela), do que pode e o que não se deve fazer.
Os Contos de Fadas da vovó eram histórias simbólicas que falavam das perdas, da fome, da morte, do medo, do abandono, da violência e mesmo não tendo a percepção pedagógica e terapeutica que tenho hoje, tenho a certeza de que meu perfil pessoal e profissional foi desencadeado através destes fatos relatados.
Quando contou todas as histórias da coleção, passamos a escolher nossas histórias prediletas para que ela recontasse. Além da Cinderela, a minha preferida era a dos Três Porquinhos, porque eles eram irmãos, achava graça dos dois porquinhos preguiçosos fazendo suas casas de qualquer maneira e da fala do Lobo Mau antes de derrubar as casas. Gostava mesmo, quando a vovó dava muita ênfase na voz do Lobo.
Um dia, talvez cansada pela rotina do dia, ou talvez cansada de contar as mesmas histórias várias noites, percebi que minha avó contava de um jeito diferente. Eu interferia na história e falava: " Vó, a senhora pulou a parte em que o Lobo Mau dizia assim..."
Neste dia, ela me olhou com muito carinho, diferente do que nos outros dias, pois eu tinha a vovó boa de todos os Contos de Fadas e disse para mim com lágrimas nos olhos: " Minha netinha ( igualzinha a vovó da Chapeuzinho Vermelho), as histórias que a vovó está contando para vocês, alguém um dia leu para mim. Vovó não sabe ler e nem escrever, mas lembro das histórias por causa dos desenhos..."
Naquele momento, eu não sabia se as lágrimas eram pelo fato dela ser analfabeta, ou pelo esforço em que ela estava fazendo para que superássemos a sensação de abandono. Lembro que disse para que ela não chorasse, pois quando eu crescesse eu seria professora e iria ensiná-la a ler e a escrever.
Mesmo sendo analfabeta, minha avó tornava nossas noites prazerosas, dava através de cada conto, oportunidade de nos identificarmos com os personagens das Histórias, tirar lições de vida e de construção de um ser através de histórias sobre bondade, respeito, obediência, mentiras e zelo.
Há vinte e três anos sou educadora e cumpri minha promessa. Mas assim, como nossos antepassados que contavam histórias para os mais novos, como forma de aprendizagem, tornei essa experiência de vida como prática educacional: sempre depois de terminada todas as tarefas do dia, uma história era escolhida pela turma para ser narrada por mim.
Apesar da contação de história oral, hoje, ter sido substituída pelas tecnologias dos VHS e DVD, a contação oral aproxima as pessoas, é uma forma criativa de estar junto a criança e estimulá-la a expressar sua percepção de mundo, do que é certo ou errado, do que é feio ou bonito ( na visão dela), do que pode e o que não se deve fazer.
Os Contos de Fadas da vovó eram histórias simbólicas que falavam das perdas, da fome, da morte, do medo, do abandono, da violência e mesmo não tendo a percepção pedagógica e terapeutica que tenho hoje, tenho a certeza de que meu perfil pessoal e profissional foi desencadeado através destes fatos relatados.
Celma Lopes
Contar Histórias
Contar histórias encanta, seduz e emociona a todos os
envolvidos. De um lado o contador, que vai revelando os segredos a cada página.
Do outro, o ouvinte que vai se apaixonando pela história, por um personagem e
assim se emocionando com cada ponto da história.
Não há dúvidas que contar histórias
desenvolve o imaginário, a criatividade, o gosto pela leitura. Mas, não é só
isso... Sim, não é só isso não! Contar e ouvir historias favorece os laços
afetivos - com o contador, com o livro, com a leitura e com o grupo ouvinte.
Contar histórias é um ponto de partida para muitas coisas. Ah sim! Muitas
coisas. Todas que a percepção pedagógica alcançar.
Contar histórias é tão antigo como o vovô e
como a vovó, que ouviam histórias e que mais tarde contavam para seus filhos e
estes hoje já não contam mais... Que pena! Contar histórias não requer títulos,
diplomas. Basta estar apaixonado pelo livro, gostar de leitura. Com estes
simples ingredientes, obtem-se a arte para contar histórias.
Máscaras e dedoches para dramatização
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Dedoche |
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